A infecção do trato urinário (ITU) é a mais conhecida dentre as doenças do sistema urinário, sendo a 2ª causa mais frequente de visitas ao pronto socorro. As mulheres são as mais vulneráveis pelo fato da uretra ser mais curta que a do homem, pela proximidade com a região anal e vaginal, dentro outros fatores. Metade das mulheres terá ao menos 1 episódio de ITU ao redor dos 40-50 anos de idade. De toda forma, o homem também pode sofrer com esta infecção e sempre devem ser submetidos a investigação.
Quando acomete a bexiga, o termo mais adequado é denominado de cistite, sendo que alguns fatores de risco são história de cistite previa, atividade sexual recente e uso de espermicidas, mãe com história de ITU ou ITU na infância. A maioria das cistites não complicadas é causada pela bactéria Escherichia coli.
Os sintomas típicos são ardor ao urinar, pressão ou dor abaixo da barriga, vontade de urinar o tempo todo, urina escura, com sangue ou odor diferente. Outros sintomas como febre, dor nas costas, náusea, vômitos, perda de apetite e calafrios podem indicar que a infecção alcançou os rins e necessitam de uma avaliação rápida e tratamento precoce com antibióticos de espectro amplo.
O diagnóstico padrão ouro é feito com o exame de urocultura, porém nem sempre é necessário, devendo-se considerar aspectos como facilidade da realização do exame, quadro clínico presente, suspeita de diagnósticos associados, entre outros aspectos.
Dessa forma, é extremamente importante a avaliação com o Urologista.
ITU de Repetição
Algumas pacientes têm ITU de repetição. Define-se ITU de repetição por 2 infecções em 6 meses ou 3 infecções em 1 ano comprovadas por urocultura. Apesar de causar preocupação, não se recomenda investigação com exames invasivos para ITU não complicada. Os fatores de risco são diferentes de acordo com a faixa etária:
– mulheres pré menopausa: história de cistite prévia, atividade sexual recente e uso de espermicidas, mãe com história de ITU ou ITU na infância (maior risco de ITU na vida adulta).
– mulheres pós menopausa: história de ITU antes da menopausa, incontinência urinária, atrofia vaginal por deficiência de estrogênio, prolapso vaginal.
É importante que seja coletado exame de urina e urocultura, antes de se iniciar o uso de antibiótico. Apesar de útil, a ultrassonografia de rins e vias urinárias encontra-se alterada em apenas 5% dos casos.
O tratamento das ITUs de repetição é baseado em mudanças comportamentais, aumento da ingesta de água (mais de dois litros de água por dia), regularização do hábito intestinal, orientações sobre a higiene vaginal, entre outros. Em mulheres menopausadas, podemos propor reposição hormonal, individualizando-se caso a caso. Há espaço ainda para a imunomodulação, antibioticoprofilaxia. É importante que as decisões e práticas para a prevenção sejam medidas compartilhadas entre paciente e urologista.